20.8.10

mal necessario

 
Sou um homem, 
sou um bicho, 
sou uma mulher
Sou a mesa 

e as cadeiras deste cabaré
Sou o seu amor profundo, 

sou o seu lugar no mundo
Sou a febre que lhe queima

mas você não deixa
Sou a sua voz que grita 

mas você não aceita
O ouvido que lhe escuta 

quando as vozes se ocultam
Nos bares, 

nas camas, 
nos lares, 
na lama
Sou o novo, 

sou o antigo, 
sou o que não tem tempo
O que sempre esteve vivo,

mas nem sempre atento
O que nunca lhe fez falta,

o que lhe atormenta e mata
Sou o certo,

sou o errado,
sou o que divide
O que não tem duas partes, 

na verdade existe
Oferece a outra face, 

mas não esquece o que lhe fazem 

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